sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Parcerias - o bom, o mau e o vilão


Assunto espinhoso aqui. Se são sensíveis, fechem a janela e dirijam-se ao blog mais próximo, com fotos de gatinhos fofinhos.

Continuaram? Estão por vossa conta e risco. Depois, não digam que não avisei.
Parcerias há muitas e de variadas coisas: livros, maquilhagem, roupa, etc. É só dar um giro por blogs ou pelo Youtube, e encontra-se imenso desses vídeos / posts patrocinados. É uma maneira de as empresas terem um outro tipo de exposição ao mercado, mais acessível de certa maneira, do que pelos meios tradicionais.
A minha questão é: quanto é que essas opiniões são realmente verdadeiras? Será que o facto de o produtor de conteúdo receber os produtos de borla (e algum outro tipo de gratificação, que não se sabe), não vai influenciar a sua opinião acerca desses produtos?
Eu sou uma cética, e acho que há sempre um certo grau - para não dizer em algumas pessoas, imenso - de aliciamento, de parcialidade. Se receberam os produtos de borla, querem continuar a receber, quer dessa empresa, quer de outras, e irão dizer maravilhas, que é excelente, ótimo - não sendo talvez bem essa a realidade do produto / serviço em questão.

Falando no caso específico de livros, penso que há pessoas que se influenciam imenso com as parcerias formadas. Consegue-se ver que há verdadeiros malabarismos de linguagem, para que não soe que estão a dizer mal (no fundo, a dizerem que não gostaram) do livro, mas que soe sim, a positivo, para que os envios das editoras continuem a chegar. Já vi opiniões escritas que diziam uma coisa e o seu contrário, isto do mesmo livro e na mesma opinião. Não fico a perceber nada - com franqueza, não percebo onde é que o blogger / youtuber quer chegar: gostou? Não gostou? Algo soa a falso.
O medo de dizer de frente que não gostaram nada e que, se calhar lhes apetecia mesmo era mandar o livro pela janela fora, é suprimido pelo desejo de continuar a receber livros e mais livros. E no final, para quê? Para ficarem bem vistos? Por quem? E será que nunca ninguém os confronta com algo como " aquilo que recomendas-te é uma porcaria!" ? 

No meio disto tudo, sei quais são os blogs e canais que, tendo parcerias, não se deixam cegar pela "borla" e os quais confio que dão a sua opinião sincera.
Porque isto de opiniões é muito subjetivo, não nos podemos esquecer: o que pode ser excelente para mim, pode ser o lixo para outra pessoa. E vice-versa.

E vocês - são influenciáveis ou céticos?

Kisses da vossa Geek

10 comentários:

  1. Cética, e cada vez mais cética.
    Por vezes parece-me que as pessoas estão mais interessadas em receber o que quer que seja grátis, desde que seja grátis, do outra coisa. São raras as pessoas que genuinamente recebem coisas e não têm receio de criticar o livro e dizer que não gostaram ou que aquele não era para ela (mas que no entanto pode interessar outra pessoa).

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    1. Sim - a borla pela borla. Não interessa o que seja, desde que não tenham que pagar por isso.
      Totalmente de acordo! Porque aquilo que uma pessoa pode não gostar, pode simplesmente não ser para ela. Eu não gostei particularmente do Mulherzinhas, mas entendo a importância intrínseca do livro, mas simplesmente não foi para o meu gosto. E é essa verticalidade que falta a muita pessoa que divulga produtos, o que faz com que pessoas como nós fiquemos cada vez mais céticas e desconfiadas do que ouvimos e só acreditamos "naquelas" pessoas que temos absoluta confiança.

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  2. Mais um excelente tópico de discussão.
    Como bem sabes, sou blogger e booktuber, e já uns 2 anos que tenho algumas parcerias mas continuo a dar a minha opinião, sempre de forma sincera. E se o livro não me agradou, tenho que ser honesta, tanto comigo como para quem me lê/escuta, e dar a minha opinião sem estar a enganar ninguém. E já aconteceu dar 1 e 2 estrelas a livros que recebi de parceria e, quando assim é, as editoras também percebem porque é que o livro não me agradou (é sempre algo que tento explicar).

    Mas sim, nota-se que nem todas as pessoas são tão honestas assim.
    Lembro-me no início das parcerias aparecerem (talvez há uns 8 anos) cheguei a ver alguém que, no blogue dizia sempre que tinha adorado o livro e recomendava e depois, quando vias no Goodreads, tinha dado 3 estrelas (o que para mim, não é uma classificação para "adorei o livro"). E passado algum tempo, deixei de ligar às recomendações desta pessoa.

    Desconfio também, daquelas pessoas que, dão a todos os livros que recebem de parcerias, 4 e 5 estrelas, porque me parece ser muito difícil quando se gosta assim tanto de todos os livros (mesmo quando são livros recebidos, sem terem sido pedidos).

    Resumindo, ao longo dos anos, fui conhecendo em quem devo confiar e também em quem tem gostos mais parecidos com os meus ;)

    Beijinhos

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    1. Olá Tita

      Sim, tu és daquelas que eu confio - quando dizes que gostas, mesmo que o livro não seja a minha "praia", sei que estás a ser sincera e não a querer bajular, para continuar a receber.
      Efetivamente, 3 estrelas (não sendo uma classificação má), não é compatível com um "adorei". Isso é no mínimo para 4 ou 5 estrelas. E o facto de se gostar de tudo o que mandam também é suspeito. Já vi uns bloggers, que eu mais ou menos tinha traçado o "perfil" literário deles, quando as parcerias mandavam livros não solicitados e completamente fora dessa "praia" e eles a dizerem, de uma forma forçada que adoraram...porque vai soar sempre a forçado. Não tanto quando se escreve, mas mesmo assim há indicadores. Há sempre umas quantas palavras que fogem para o que realmente a pessoa está a pensar.

      Aos poucos vamos percebendo quem fala a verdade e quem enfim...está a gerir um negócio. E nada de mal - isso é lá com eles - mas induz em erro muita gente até se aperceberem do que se passa.

      Beijinhos

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  3. li com atenção e estou de acordo. Mas estou do outro lado, do lado de quem escreveu alguma coisa e quer ouvir opiniões. pedi a algumas meninas e meninos , para lerem o meu trabalho, era necessário( e ainda é)saber a opinião dos outros, pois caí neste mundo de para-quedas.Agradeço a todos aqueles que se deram o trabalho de o ler e dar a sua opinião, mas não estive nem por um minuto à espera de opiniões que não fossem sinceras, ninguém me devia nada, eu e que devia agradecer, e agradeço! Claro que era uma forma de expor e dar a conhecer uma obra e uma autora anónima como eu.
    Com o tempo constatei tudo o que aqui foi exposto, e outras coisas mais. Deixei de pedir opiniões e espero que o meu "menino" faça o seu caminho, como eu sempre fiz na vida , solitariamente. Agradeço sinceramente à Tita, (e só a menciono porque está aqui um seu comentário), às outras/os bloguers que tiveram um tempinho para mim. Acompanho as opiniões e nunca opino nos blogues, só hoje!
    Seja sempre sincera Menina Geek!

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    1. Muito obrigada pelo seu comentário, D. Maria Cecilia. Sou sempre sincera e gosto de refletir o que vejo à minha volta.
      Pois a sua perspetiva é a contrária. No seu caso não só é necessário que tenha opiniões mas é vital, de modo ao seu livro receber a exposição necessária para que chegue a muitas pessoas. Falei exatamente nesta questão de divulgação de autores portugueses aqui noutro post. Mas, tal como diz, já constatou o que eu falo e ainda mais... o sistema de parcerias/divulgação devia ser revisto, pois não esta a funcionar como poderia, pois há livros que têm exposição constante e outros quase nenhuma.

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  4. Abriste a caixa de Pandora. Tenho seguido a discussão mas como tenho uma opinião tão extrema em relação a este assunto, prefiro não partilhar, a não ser em privado, e até porque cada um sabe de si. A conclusão a que chego, e não é de agora, é que as editoras portuguesas de forma geral têm uma actuação muito pouco inteligente no que toca a divulgação...e a muitas outras coisas, mas neste caso é de divulgação que falamos. Chega a ser ridículo. Do que gosto mais, de pessoas que recebem livros mas não os lêem, continuando a recebe-los nos meses seguintes, e de pessoas, como alguém que comentou na tua página de FB, que só publicam opiniões se forem positivas. Eu crio uma plataforma digital e quero ser influenciadora de quê, de quem, para quem? Se não gostamos, não gostamos...não precisamos fazer críticas destrutivas, há muitas formas de fazer críticas mesmo quando não são positivas e é necessário que se façam. Se não for assim, não tem sentido.

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    1. Parece que sim e que libertei todos os males do Mundo.
      Pois, essa resposta realmente também me deixou um pouco espantada, embora consiga compreender que há um compromisso assumido com uma entidade, neste caso uma editora. Por esse ponto de vista, percebo o porquê de só apresentar as críticas boas, deixando as menos boas de lado. Mas isso, lá está, porque a pessoa se encontra vinculada a uma parceria e não poderá ser tão isenta quanto poderia ser, se não a tivesse.
      Há milhentas de maneiras de fazer uma crítica negativa e não envolvem palavrões nem dizer que não presta. Porque nem tudo nos agrada, nem tudo é bem feito e nem tudo é para o nosso gosto, mesmo reconhecendo o valor intrínseco do livro. E quando abro uma opinião, o que quero saber é o que aquela pessoa achou da escrita do autor, do enredo, do ritmo, se o emocionou, o que aquele livro o fez sentir e não se a capa é bonita e que gostou muito da história porque sim. Tem que haver mais do que isso, caso contrário, basta por a sinopse e dar o trabalho por concluído. Por incrível que pareça, eu sou a maluca que gosta de opiniões negativas, quando bem estruturadas. Tal como gosto de uma opinião positiva bem feita. E gosto de comparar as 2 sobre o mesmo livro, para perceber pontos fortes e fracos.
      Sim, as editoras portuguesas não estão a fazer muito bem o trabalho delas, mas isto de as editoras "ligarem" aos bloggers e booktubers ainda é algo mais ou menos recente - noutros países já está mais institucionalizado - mas aqui, ainda estamos muito no inicio ou seja há muitas situações a corrigir e muita negligencia.

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    2. Oh Elisa...mas compromisso de quê? De se publicar apenas opiniões positivas? Que raio. Então para quê fazer opiniões públicas? Guardemos as opiniões todas para nós, as positivas e as negativas. Aceito que isso se faça, claro...mas não consigo entender. Isso não é ser isento...por muito que se dê a volta ao texto para se justificar como tal. Pelo contrário...isso é ser-se completamente parcial. Eu, como leitora e compradora de livros, e tal como tu, gosto de críticas reais, positivas e menos positivas. Desde que sejam bem estruturadas e não sejam destrutivas, não entendo que não se façam. As editoras ligam às plataformas digitais, não o fazem da forma certa, na minha opinião...e ninguém inventa nada, está tudo inventado. Basta observar e ser inteligente.

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    3. Claro que sim - que isso é ser parcial, Olga. Não vale a pena tentar branquear o assunto porque vai ter na mesma questão: porquê só pôr na blogosfera o que é positivo? Nem tudo o que nos põem à frente agrada.
      As nossas editoras estão ainda a anos-luz de fazerem um trabalho eficaz e não sei, com sinceridade o que será preciso para mudar alguns paradigmas, mas tenho esperanca que essa mudança vá acontecendo senão o mundo literário , por assim dizer, estagna. E ja se sabe o que acontece em águas estagnadas: não há vida.

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