quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Historiquices de Dezembro

Catarina de Bragança, Rainha de Inglaterra


No ultimo mês do ano, voltamos a uma grande senhora, portuguesa e Rainha, mas de outro país. Falo de Catarina de Bragança, filha de D. João IV, rei da Restauração da Independência.

Catarina teve uma infância feliz apesar de o seu pai, 8º conde de Bragança, ter levado a maior parte da sua vida a combater, para ficar independente e, depois de conquistada a independência, de a conseguir manter, pois Espanha estava sempre a dar luta nas fronteiras recém-definidas. Muitas vezes, sua mãe, Luísa de Gusmão, atuou como regente do recém-independente Reino de Portugal. Uma mulher de grande inteligência, que se ocupava pessoalmente da educação dos seus filhos e que serviu, mesmo após a morte de seu marido, como regente durante o reinado de seu filho Afonso, mentalmente incapaz de reinar.
Como tal, o casamento de Catarina ( e dos seus irmãos e irmãs) tinha que ser no sentido de proteger e arranjar alianças contra Espanha e, foi assim decidido, que se casaria com Carlos II de Inglaterra, levando consigo o fabuloso dote de Tânger, Bombaim e um barco cheio de especiarias, que valeria mais que ouro.
Uma nota de como Catarina era senhora do seu nariz: ela nunca abdicou da sua fé católica, num país de protestantes. Casou, em segredo, numa cerimónia católica, casando publicamente pelo rito anglicano. Sempre manteve o seu culto. O que não lhe trouxe muitos aliados numa corte estrangeira e protestante. O seu casamento foi infrutífero, pela sua parte, pois Carlos tinha muitos filhos bastardos das suas amantes. Mas sempre exigiu respeito, no trato a Catarina, a toda a corte e recusou inclusivé divorciar-se dela. O casamento, que no início foi acidentado, por causa das amantes de Carlos, transformou-se numa união de mentes e de respeito mútuo.
Quando Carlos morreu, Catarina voltou a Portugal, pois nada a prendia a Inglaterra. Mas o povo inglês sempre gostou muito dela, apelidando-a de "good Queen Catherine". Na corte é que ela era desprezada e humilhada.

Dos muitos anos da estadia de Catarina por Inglaterra, ficou o hábito arraigado do chá, do doce de laranja amarga, da introdução do uso de talheres e do tabaco.

Para esta última figura, ficam aqui os destaques em livros e documentários.

Livros






















Kisses da vossa Geek



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Vamos Geekar com séries #6


Versailles Temporada 2



Acabou, durante o mês de Junho, a segunda temporada desta série espetacular, sobre uma das minhas figuras preferidas de sempre.
A trama, desta feita, arranca depois da morte da esposa de Philippe, Henriette, e vai nos guiar pelos meandros mais escuros da corte do Rei Sol. Contrariamente ao seu cognome, esta foi uma altura muito, mas muito escura, escusa e esconsa, da vida desta corte que se queria brilhante. Luxúria, corrupção, drogas, vícios de todos os tipos grassavam pela corte de Luís XIV, com o próprio a encabeçar estas hordas.
Desde que havia tomado Madame de Montespan para sua amante real, que ela o levou pela espiral louca de afrodisíacos, leituras de tarot, quiromancia. Por uns tempos, o rei parece perdido na sua vida, nos seus objetivos, perde força por se sentir cercado por todos os lados. Mas é dele que vai vir a mudança de atitude. É dele e da guerra na Holanda, contra Guilherme de Orange, que ele reencontra o seu caminho.
Outra mudança muito bem vinda na corte de França é a Princesa Palatina, que irá casar com Philippe e que é uma lufada de ar fresco. Ela gosta é de ar livre, não gosta do mimimi da corte francesa e não tem paciência para suportar as amantes oficiais do cunhado. Philippe, primeira estranha, mas depois tornam-se como que cúmplices, pois Philippe sempre se sentiu um outsider na corte do irmão.

Uma parte muito bem descrita na série, foram os venenos e drogas consumidas na corte. Quem pensar que o abuso de drogas é coisa só do século XX, desengane-se: sempre houve uma parte da população completamente disposta a usar e abusar de substâncias, para fugir à monotonia dos dias presos numa corte, que vivia a toque de caixa.
Neste caso eram as poções de amor, os afrodisíacos....e os venenos. Para "apagar" uma pessoa que se tinha tornado incómoda, um familiar que se recusava a morrer e deixar a sua herança.... o caso dos venenos, que foi  muito real e que aconteceu na corte francesa, tendo à cabeça a Voisin, famosa vidente, cuja maior cliente era precisamente a Madame de Montespan, a amante do Rei. Apenas deram outro nome à personagem, sem saber bem porquê, porque mantiveram os nomes verdadeiros dos seus cúmplices. Mas está bem retratado o porquê destas pessoas terem ganho influência, junto de nobres e gente comum, de igual modo. Foi algo transversal na sociedade da época.


Mais uma vez, uma série de muita qualidade, com interpretações fantásticas e um genérico fabuloso.


E vocês - já viram? Têm curiosidade?


Kisse da vossa Geek