quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Opinião

Sempre Vivemos no Castelo



" somos tão felizes"

Aclamado como um dos livros de referência no que ao terror diz respeito, tenho que concordar com essa aceção, pois entrei para esta leitura com muitas expectativas e todas foram superadas. Acrescento que além do terror e suspense é também um drama vivido em vários níveis.

A historia é narrada pela perspetiva de Mary Katherine Blackwood, irmã de Constance, que foi acusada de matar toda a família, mas foi ilibada das acusações. Elas vivem na Mansão Blackwood, num sitio afastado da aldeia, com o seu tio Julian, outro sobrevivente da tragédia.  A narrativa divide-se entre as irmãs e o seu tio no tempo presente e com algumas reminiscências do passado, mais concretamente ao dia da tragédia e fala um pouco dos elementos da família, entretanto mortos.

Esta é uma narrativa sufocante, por se passar  num único espaço físico (a mansão) e que nos dá a total sensação de clausura, necessária para entender estas irmãs tão marcadas de diversas maneiras.
A escrita da autora mantém-nos sempre na expectativa  - a tensão e o mistério, a   principio ténues, começam a ficar mais acentuados á medida que o livro avança e que  percebemos o quanto estas irmãs estão destruídas, amedrontadas, perdidas e fechadas em si mesmas.
Acabei as últimas páginas em frenesim, porque queria perceber tudo o que se passava naquela casa. De certo modo, esta narrativa fez-me lembrar Manderley, a famosa mansão que Daphne du Maurier criou como símbolo de tudo o que Rebecca representava, assim a mansão Blackwood, decrépita e isolada é um espelho dos seus ocupantes.
Fiquei absolutamente maravilhada com este livro tão pequeno mas tão poderoso, cuja autora conseguiu o condão de me transportar para o meio da história.

Kisses da vossa Geek

domingo, 8 de janeiro de 2017



Vamos Geekar com séries de Época #3


Versailles

Apesar de ir ter uma segunda temporada a estrear em breve, resolvi fazer um destaque desta série, pois o que vi da primeira temporada foi fenomenal!
Louis XIV, o Rei Sol tem uma história que se presta a séries e filmes infindáveis, dos quais já vi alguns - uns bem feitos, outros nem por isso. Mas sendo eu uma fã aguerrida deste monarca, pois considero-o um dos mais inteligentes da História, tive que ver mais esta adaptação televisiva da sua história, tendo como ponto de partida a deslocação da sua corte para Versailles. Para quem não sabe, o que havia lá era um mero pavilhão de caça de reis anteriores, nada propício a ter uma corte com centenas de cortesãos e milhares de servidores. Louis deslocou-se para ali para fugir ao sufoco de Paris, com os seus cheiros pestilentos no Verão e pestes dizimadoras constantes.
Também foi uma forma de poder manipular os nobres, que se achavam com mais poder que o seu rei, e roubavam-no a torto e a direito, faziam dos seus domínios verdadeiros estados feudais como se não pertencessem a França e por conseguinte, ao seu soberano.

Em termos de série, ela foi inteiramente gravada no local - Versailles - sem recorrer a gravações em estúdio, o que muito contribui para a beleza cénica. É tudo original, os atores andam e tocam onde Louis XIV andou e tocou. E isso traz uma carga de autenticidade incomparável a outras adaptações.
Os diálogos e o guião estão muito bem escritos, há cargas emocionais tremendas, jogos de palavras, a fineza da corte em todo o seu esplendor está aqui bem espelhado.
É retratada a relação de Louis com o seu irmão Philippe, 3º na linha de sucessão e uma personagem descrita como o "David Bowie do séc. XVII".

Ele era bissexual, mas mais provavelmente gay e abertamente - toda a gente sabia e era de grande prestígio ser seu amante. O Cavaleiro de Lorena foi o seu amante de mais longa duração e fama. Philippe de Orleães era espampanante, vestia-se frequentemente de mulher, era amigo de copos e orgias. E é o maior apoiante do irmão, embora lhe critique algumas atitudes.


A série retrata também Louis e as suas  muitas mulheres - começando pela sua rainha D. Teresa, mais a sua cunhada Henriqueta de Inglaterra, Louise de La Valiére, a sua amante mais antiga e Madame de Montespan, a nova conquista e que lugar elas ocupam na sua vida. Gostei de ver as interações e as relações de poder e de força que elas exercem sem pudores.


É uma série com uma componente sexual, com algumas cenas mais ousadas, mas que não estão ali apenas para "ganhar" audiências: elas retratam a vida exata da corte naquela época e são relevantes por isso mas sem pôr demasiado ênfase. E o sexo faz parte da vida, não é assim?
Uma das críticas persistentes da série é que, sendo uma história francesa, a série está rodada em inglês. O estúdio assim o determinou, para que pudesse ser vendida a mais países. Tenho que dizer que não influi em nada na qualidade da história aqui contada nem das interpretações de George Blagden (que, por curiosidade, sabe falar francês fluentemente) e de Alexander Vlahos, Louis e Philippe respetivamente.
Em suma, uma série de grande qualidade.

Kisses da vossa Geek