quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Opinião

O Rouxinol



Li O Rouxinol para uma das categorias da maratona Reading About Reality, projeto dos canais do Youtube Sara Cristina e Gaming Readers, da Sara Cristina e da Alexandra Pedro, respetivamente.
Li em parceria com a Dora Santos Marques, do canal Books and Movies, para o desafio de ler um livro que demonstrasse a diferença de direitos humanos.

Esta é uma história da 2ª Guerra Mundial e vai contar o percurso de duas irmãs, muito diferentes entre si e do modo como elas sobreviveram na França ocupada por Hitler. 
Viane e Isabelle Rossignol (Rouxinol em francês) são órfãs de mãe desde muito pequenas, e de pai vivo, uma vez que após a morte da mãe, o pai afastou-se - ficou incapaz de lidar com as meninas e deixou-as ao cargo de uma pessoa, na casa de família, enquanto ele foi para Paris. Após esta rejeição, cada uma delas arranjou as suas próprias estratégias para ultrapassá-la : Viane engravidou e casou cedo e Isabelle era a rebelde, fugindo de todos os colégios internos e escolas de freiras, para onde o pai a enviava.

Mas, tudo muda no dia em que Paris é ocupada por Hitler.
Isabelle está lá, na sequência de mais uma expulsão de outra escola e, por insistência do pai, decide seguir para Carriveau, no norte, onde está a irmã, para fugir ao que aí vinha.
Durante a viagem, Isabelle é bombardeada, espezinhada, passa fome e frio até conseguir, depois de muitos dias, chegar à casa da irmã, já completamente mudada. Ela quer fazer a diferença no mar de indiferença francês perante o invasor, pelo que ela não se irá contentar com um exílio calmo e dourado no campo, especialmente quando a casa de Viane é requisitada para alojar o Capitão Beck, oficial da Wehrmarcht.
Já Viane, sozinha, com a filha Sophie, uma vez que o marido está na frente de batalha, tenta sobreviver o melhor que pode e se adaptar àquela vivência  cada vez mais cheia de regras, mais constrita. Tenta levar um dia de cada vez.

Vemos os relatos das filas para alimentos, do frio que passam as populações privadas do mínimo essencial, da impotência perante um conquistador brutal, sempre pronto a todas as baixezas para quebrar e humilhar. As descrições foram tão bem feitas, que a sensação dominante ao ler este livro, foi o frio. Foi poderosa a maneira como a autora me fez sentir o frio. Também uma sensação de medo, melancolia e depressão generalizada.
A escrita é fluída e sem quebras de interesse - não há momentos mortos na narrativa. Temos sempre interesse e vontade de ler o que se segue, nesta história emocionante e emocional ao mesmo tempo.
Não tenho vergonha de dizer que chorei e fiquei doente com algumas situações que li - não porque fossem novidade para mim, mas impressiona-me sempre a baixeza a que o ser humano pode chegar, se lhe derem as armas para tal.

A impressão geral com que fiquei foi de realidade. Embora seja uma história ficcionada, vejo como pode perfeitamente ter acontecido na realidade, pois as situações descritas são muito verosímeis.
Apesar de focar o Holocausto de um ângulo diferente, não deixa por isso de ser essencial ser lido, além de ter sido uma leitura viciante e emotiva. Fiquei agradavelmente surpreendida.

Kisses da vossa Geek

#readingaboutreality    #hol72

4 comentários:

  1. Este livro vai ser dos melhores da minha vida. Adorei!
    Gostei muito desta critica, está muito bem escrita!

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    1. Também ficou favorito da vida.
      Obrigada Dora, do fundo do coração.

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  2. Se já tinha vontade de ler o livro agora fiquei com mais.

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