segunda-feira, 28 de maio de 2018

A culpa dos Millenials

Estava eu a dar uma voltinha no Twitter - que é uma rede social que aprecio, por ser curta, concisa e pouco dada a lamechices e queixumes - e deparei-me com algo mais ou menos assim

"Como é que nós, os Millenials poderemos alguma vez atingir todos estes objectivos

-dormir muito
-fazer exercício físico
-cuidar da nossa saúde mental
-ter uma carreira de sonhos
-ter um hobbie apaixonante
-ter uma alma gémea
-cultivar todas as nossas amizades
-ser eco-friendly "
-habitar num espaço zen

Meu Deus, que fiquei com a cabeça a rodar com tanto item!

Bom, em abono da verdade, todos gostaríamos de ser assim, mas conseguir este nível altíssimo todos os dias na nossa vida, é algo que não irá acontecer. Vamos ser honestos.

Aquilo que à primeira vista parecem muito boas ideias e objectivos sólidos a perseguir, penso que, tal como o tom do tweet faz entrever, é uma pressão acrescida e constante para todos os dias se praticar estas "coisas". Vejo imensa gente falar em produtividade" hoje não foi um dia nada produtivo" "faltou-me ainda praticar a gratidão ao sol e à lua por aparecerem na minha vida"..... ok, esta última parte não, mas toda a gente está numa pressão imensa para conseguir chegar a todo o lado, de igual forma e com igual empenho, e quando isso não acontece - frustração! 
Mas o problema é que serão mais as vezes que "não se consegue lá chegar", a frustração acumula-se, e depois há os esgotamentos ou para ser mais fina, os "burn-outs".

E a solução resume-se a uma palavra:

-PRIORIDADES

Nunca iremos conseguir chegar de igual forma a todas as áreas da nossa vida - por isso, toca a priorizar o que nos é mais importante, e depois, o resto dos "itens" irá harmonizar-se no espaço disponível para eles. Porque se nos estamos sempre a martirizar com o que não conseguimos fazer, estamos a perder tempo e disposição preciosos para completar aquilo que ainda PODEMOS conseguir fazer.

Caso prático: adoro ler. Necessito de fazer exercício por motivos de saúde. É claro que irei roubar uns minutos à minha leitura para poder fazer o exercício necessário a que a minha saúde melhore.

Como este exemplo, haverá outros e as prioridades devem ser ajustadas à vida e dinâmicas de cada um.

Kisses da vossa Geek

5 comentários:

  1. Ainda hoje pensava nisso. Vou generalizar um bocadinho, porque naturalmente que cada um tem os seus interesses, mas: queremos ler muito (nisso o booktube ajuda a aumentar a pressão :P - seja porque queremos entrar nos projetos, seja porque os livros falados são mais que muitos), queremos ver 1001 séries e filmes, queremos dar atenção às pessoas de quem gostamos, praticar desporto, queremos trabalhar no que gostamos e sermos felizes a trabalhar (o mais difícil é encontrar uma certa felicidade não estando no trabalho dos sonhos), dormir bem, cuidar da saúde etc etc etc Não admira que problemas relacionados com a ansiedade tenham aumentado tanto...

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    1. Chegaste onde eu queria chegar Anabela! Não admira que cada vez mais se ouça falar em problemas de ansiedade e depressão. Cada vez mais pomos " pesos" nos nossos ombros, com tudo o que queremos realizar sem atender que o tempo não é elástico e que não será humanamente possível chegar a todo o lado e fazer tudo aquilo que gostaríamos. Adorava conseguir isso, mas objectivamente - sei que é impossível e não vou me pôr essa carga extra, pois só me vai quebrar e então - é que nem os mínimos consigo fazer/realizar.
      Temos que ser mais realistas com a nossa energia e força animica.
      E também todos estes objectivos geram dispersão - acabas por não te focar no que é importante mas sim divides a tua atenção com 1000 projectos e tarefas, que, no final do dia, se calhar nem eram tão importantes assim, para o teu dia.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Que raio de lista! Confesso adorar o "habitar um espaço zen". ahaha e o que raio é ter um hobbie apaixonante? isso não é definição de hobiie?
    Sabes que me preocupa nessa lista? não é a impossibilidade da realização, até porque não a acho nada irreal (basta não estar nas redes sociais e arranjo tempo de sobra para dormir, só não faço exercício físico porque tenho preguiça, ler ajuda-me a cuidar da saúde mental e é um hobbie apaixonante, adoro o meu trabalho, sou ciclicamente apaixonada pelo meu marido, sinto-me verdadeiramente feliz quando estou em casa com os meus). O que me preocupa nessa lista é a óbvia necessidade de agradar aos outros. Essa é uma lista feita para os outros verem.
    Um hobbie apaixonante? Que raio é isso? Para quem o faz um hobbie é sempre apaixonante nem que seja, sei lá, contar carros vermelhos na estrada mais próxima. O problema é que se procura um hobbie que fique bem em fotografia, no insta... mesmo que não nos apaixone assim tanto.
    Cultivar amizades? Se isto é algo que dá trabalho é melhor nem ser feito.
    E para mim é esta pressão de ser socialmente perfeito que causa as tais depressões e ansiedades. Não é não o conseguir fazer... é perder tempo e vida a pensar no que os outros pensam de nós.
    (sim, sim, tenho mau feitio, eu sei)
    beijos

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    1. Ora aí está uma outra vertente! Sim - o querer ter uma vida "instagram", com interesses bonitos à vista. Não tinha pensado dessa maneira, mas faz sentido. A mania de pôr tudo nas redes sociais, de modo a que peçam "contas", e, se não se atingir os objectivos, pôe esta pressão parva de que se não conseguirem realizar, vão ser criticados nas redes sociais e consequentemente, postos de lado. Pura pressão dos pares. Imaginada, porque ninguém tem nada que ver se toco gaita de beiços nos meus tempos livres, porque gosto, por exemplo - mas não é um hobbie que fique bem no insta.
      E chegamos à mesma conclusão: tudo isto é o que faz disparar os números de casos de depressões e ansiedades, no geral.

      Não é mau feitio - é a realidade dos factos. Eu já estou um bocado velha para este tipo de coisas me afectar - e mesmo antes, não era muito dada a seguidismos: gosto de fazer e levar a minha vida como me dá na gana, sem esse tipo de pressão imaginada. Mas apercebo-me que, para as camadas mais novas, que crescem em frente do ecran do telefone, é algo bem sério.
      Beijinhos

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