quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Ler o que toda a gente lê



Bastas vezes falo com meninas de outros blogs , canais e até só espectadoras e é uma "queixa" recorrente: parece que toda a gente lê os mesmos livros e dá a sua opinião. Já discuti isso no sentido das parcerias e não é por aí que vamos hoje.

A questão é: toda a gente ler o mesmo livro, porque quer entrar na conversa e estar "por dentro".
A comunidade literária, quer de blogs, quer de Youtube, é muito vasta e, quando há um livro que é um hit, toda a gente quer ler naquele segundo. Vemos os vídeos de canais estrangeiros, gostamos do livro e vamos ler. Quando as editoras portuguesas finalmente o traduzem, é um tal de 50 opiniões do mesmo livro, quase ao mesmo tempo. Porque toda a gente quer participar na discussão e, para participar de uma forma alargada, vai ter que ler aquele livro. Aquele que está em todos os escaparates e em todas as estantes dos livrólicos. E isso é um movimento de inclusão  e de interacção do qual estou perfeitamente de acordo. É desta forma que se criam sinergias, projectos em conjunto e até amizades. É neste encontro de pessoas com um gosto partilhado - as leituras - que isso acontece.
Por outro lado, temos imensos "ilustres desconhecidos", livros que têm o potencial de serem tão bons ou tão maus quanto os outros, mais badalados, mas que simplesmente ninguém (aparentemente) os lê ou se os lêem e, como não vêem mais ninguém falar neles, calam a opinião e a experiência de leitura.

No meu caso pessoal, eu até sou aquela maluca que gosta de ver opiniões a favor e contra do mesmo livro, para perceber os pontos fortes e fracos e fazer uma escolha mais consciente de leitura e, possivelmente, de compra. Mas chega a uma altura em que há muitas opiniões que, no fundo, dizem o mesmo, porque há uma quantidade limitada de coisas que se podem dizer de um livro, sem estragar a experiência para ninguém. 
Ao mesmo tempo, se as pessoas leram e gostaram, também querem dar a sua opinião e participar nas conversas sobre o livro, porque é tão bom conversar sobre livros que mexeram connosco com pessoas que também leram e que têm algo a dizer sobre "aquela" personagem, o enredo, enfim, de tudo sobre aquele livro - há sempre algo a acrescentar numa análise ao livro, feita por diversas pessoas.
Eu tanto leio livros mais badalados como livros um pouco mais desconhecidos, ou pelo menos, que são pouco, ou nada discutidos. Há livros premiados dos quais nunca ouvimos falar e há livros tão bons, mas totalmente desconhecidos, que só uma mão-cheia de pessoas leu, e nunca deu feedback.

É difícil fazer a triagem  por entre os inúmeros lançamentos e o marketing feito em favor de alguns livros, e ainda mais quando, no momento de escolher uma próxima leitura,  já vamos com alguns títulos em mente, porque ouvimos ou lemos acerca deles. Mas penso que o exercício de entrar à descoberta de um título, completamente desconhecido, e deixar-nos maravilhar por ele é interessante e benéfico. Nem sempre se vai acertar, mas sempre areja as leituras e quem sabe - não estará ali um favorito da vida?

Kisses da vossa Geek

12 comentários:

  1. No ano passado aconteceu-me isso. Das cento e onze leituras, 48 foram novidades de editoras, ou seja quase metade.Não gosto de ler só novidades mas quando sai algo que quero muito ler, gosto de ler logo não só para dar feedback mas também porque sei que irei ter alguém com quem falar sobre o livro. O problema é que as novidades saem tão rápido que parece que todos estão sempre a ler a mesma coisa. Este ano estou mais focada nos livros antigos e espero encontrar bons livros que já não são falados.

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    1. Em primeiro lugar - uau 111 leituras!
      Ler novidades não é mau, de maneira alguma quero implicar isso. Até porque há vários livros que são muito falados nos canais e blogues e não são novos por exemplo O Coração de Simon Contra o Mundo, os livros do John Green. É mais a sensação de não haver "ar fresco", em termos literários. Mas também é bom ter alguém com quem conversar sobre um livro fantástico que se leu.
      Fazes bem em diversificar as leituras - podes encontrar algumas pérolas. E alguns livros estão tão escondidos...

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  2. Eu sou ao contrário. Não gosto muito de ler novidades. Às vezes, de tanto se falar sobre um livro perco a vontade de o ler. Aconteceu-me com o Stoner por exemplo. Toda a gente me diz "tens que ler" e eu não tenho vontade nenhuma. Aconteceu-me com os livros da Amiga Genial da Ferrante que só li 2 e já bem depois da confusão generalizada.
    Claro que há livros que quero ler assim que saem. Aconteceu-me toda a vida com os livros da Marion Zimmer Bradley, acontece agora com os livros do Sanderson. Infelizmente raras são as vezes em que tenho com quem falar sobre estes livros específicos. Só conheço 2 pessoas que lêem Sanderson cá em Portugal (e que estão na fase em que eu estou - a maioria das pessoas ler apenas Mistborn e ficou por aí).
    Mas compreendo tão bem o que é ter à volta quem já tenha lido um livro, que adore e que, pela sua paixão, nos "obrigue" a lê-lo. Aconteceu-me com o A Teoria dos Limites que li porque "toda" a gente da roda já tinha lido, porque a Maria Manuel Viana foi um doce e acedeu a ir falar-nos dele à Roda dos Livros e acabou por se tornar um dos "meus" Livros

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    1. Sim - tanto "falatório" em redor de um livro pode ter essa consequência: o nem te quereres aproximar dele! E não és caso único - conheço várias pessoas assim. É como tudo, se há pessoas para quem o muito falar serve de incitamento a ler esse livro, há quem, de tanta saturação nem lhe queira pôr a vista em cima. São tudo reações válidas.
      Comprar livros assim que saem só faço com os meus escritores de eleição - aqueles que nem preciso de saber a sinopse do livro para querer ler, porque sei que vou gostar. Mas isso é raríssimo.
      Essa maneira de quase nos "obrigarem" a ler aquele livro porque falam de tal maneira que quase nos impelem. E quando dá certo e fica um dos favoritos, então, não há sensação melhor.

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  3. Que grande timming! Ainda hoje estive a planear um video sobre este tema (mais ou menos). Ler livros com muito falatório!
    Mas sim, percebo-te. E sinto isso mesmo. Se por um lado compreendo lermos as mesmas coisas, por outro sinto falta do oposto. Algo novo, fresco. Enfim...o tema que dá sempre muito que falar. Mas não gosto de ler livros com muito "hype". Só me afasta.
    Um beijinho

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    1. Great minds think alike hehehe
      É um sentimento estranho, sim. Se por um lado, para falares do livro tens que ler, por outro há como que uma sobrecarga de informação sobre aquele livro, que quase nem te deixa pensar.
      Livros com hype...eu leio, mas só se a sinopse me disser algo. Não risco à partida a leitura desses livros. Têm é que ter que ver comigo, não é só ler porque é muito falado.
      Beijinhos

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  4. Eu adoro "discutir" livros.
    Muitas vezes gosto de ler a opinião só depois de eu ter lido determinado livro para poder comentar à vontade.
    Gosto imenso de arriscar em autores pouco conhecidos e ler um bocadinho de tudo o que vai aparecendo.
    Concordo imenso com aquilo que aqui escreveste: a nossa necessidade de ler os livros mais badalados para falamos com alguém sobre eles. Mas aqui acho que devemos ser um pouco seletivos com as opiniões que procuramos. Por exemplo, a mim nem todas me fazem querer falar sobre o livro.
    Acho que devemos procurar um equilíbrio. Ler novidades, ler livros mais desconhecidos, dar oportunidade a novos autores portugueses sem medo de arriscar, ler clássicos e ler livros que raramente nos cruzam a vista quer em blogs quer no booktube.
    Boa reflexão :)

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  5. Eu também adoro "discutir" livros. Porque o acto de ler já é solitário o suficiente.
    Eu vejo opiniões para perceber pontos fortes e fracos de se eventualmente, aquele livros é para mim. Claro que sem spoilers, mas com informação de tal maneira que consiga dizer se vai valer o meu tempo ou não.
    Há livros sobre os quais não consigo falar - por exemplo thrillers ou policiais. As opiniões que expresso são vagas, pequenas, porque fazer mais é retirar o prazer de descobrir, que, ao fim e ao cabo é o cerne destes géneros. E depende de, ao ver uma opinião, d forma como está estruturada. Porque há algumas que não me induzem a falar ou comentar o que quer que seja.
    Como tudo na vida, o equilíbrio é fundamental. Um pouco de tudo e vai haver sempre boas leituras e más, mas pelo menos há alguns elementos novos para dar aqui um andamento diferente.
    Obrigada:) Gosto muito de fazer estas reflexões.

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    1. Sem dúvida: ler é solitário. E é ainda mais solitário se no meio em que vives as pessoas não apreciarem e saborearem a leitura.
      Eu percebo a tua ideia de ver as opiniões. Geralmente não faço isso porque sou curiosa e teimosa e tenho uns gostos dúbios. Tanto posso odiar livros que outros adoraram como posso amar livros odiados. E acontece isto mesmo com pessoas em que confio a 100% nas opiniões.
      Esses são mesmo difíceis. É complicado estruturar uma opinião que seja ao mesmo tempo cativante, que consiga transmitir o teu entusiasmo com o livro e deixar espaço à curiosidade e vontade de descobrir dos outros.
      Concordo. Aliás, acho mesmo que precisamos de fazer mais más leituras. São elas que nos espicaçam a mente fazendo-nos pensar do que falhou ou não naquele livro. Também nos ajuda a refinar os nossos gostos e tendências. Ficamos a conhecer melhor os livros que satisfazem o nosso interesse.
      De nada.
      Bom fim-de-semana.

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    2. Ah mas eu também tenho alguns gostos particulares. Já hoive livros que toda a gentr adorou e a mim não me disseram nada e o contrário. Mas é como tudo na vida: não gostamos todos do mesmo e não há mal nenhum. A razão de eu gostar de determinado livro pode ser a razão para outra pessoa não gostar.
      As más leituras às vezes tornam-se um entrave mental principalmente quando achas que devias adorar aquela leitura e afinal não estás. Isso às vezes conduz àquelas famosas ressacas literárias que se prolongam. Mas uma má leitura até agora nunca me impediu de pegar no próximo livro com esperanças de ser o próximo favorito.

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  6. Eu gosto de ler e ouvir as opiniões dos livros do momento mas geralmente nunca os leio durante essa onda precisamente porque já se fala demasiado neles e muitas vezes mais do mesmo. Eu percebo que muita gente queira ler para entrar na discussão e dar a sua opinião mas acaba por tornar-se repetitivo pois lê-se um blog ou vê-se um canal e são sempre o(s) mesmo(s) livros. Por vezes sinto que falta alguma diversidade e falar dos menos badalados sem receios ou vergonhas porque nem toda a gente tem os mesmos gostos e podemos sempre despertar outros para uma boa leitura.

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    1. Exatamente como faço. Raramente leio novidades ou livros "na berra" quando estão a ser muito falados. Se a sinopse me interessar, eu sei que eventualmente irei ler. Mas é muito bom ler " aquele" livro e ter logo com quem falar sobre ele. É excelente!
      Mas sim - o hype torna alguns livros cansativos - que vejo de 5 em 5 minutos no feed - e que pode, eventualmente até retirar entusiasmo a futuros leitores.
      Eu acho que não há leituras "certas" - há leituras. Simples. E que todos os livros deveriam ser falados, até aquele pobre coitado que teve apenas 2 opiniões no GR. Quem sabe, não será uma boa leitura para mais alguém, mas que sem divulgação não chega lá?

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