quarta-feira, 31 de maio de 2017

Opinião

As Serviçais

Este livro conta a história do Sul profundo da América, nos anos 60 -  era Kennedy e um pouco após.
Conta a história da quase escravidão das criadas negras, mal pagas e subjugadas ás senhoras brancas, que achavam que até lhes pagavam demasiado e eram muito indulgentes com elas.


O enredo é contado do ponto de vista de 2 dessas criadas - a Aibelene e a Minny - e de uma rapariga, Skeeter,  jornalista e cronista reticente destas vidas tão solitárias, abnegadas e de certo modo tão vividas, tão sentidas e tão cheias de significado.
O medo do KKK ainda se faz sentir muito, tal como as represálias dos brancos em relação aos negros, por todo e qualquer evento que lhes lembre que eles estão a conquistar direitos, quer nas universidades, quer nas casas deles. Fala-se nos movimentos estudantis, na marcha do Dr. Martin Luther King e de outros movimentos de desobediência civil, em luta pela igualdade de direitos.
A história começa de um modo muito caricato: pela construção de um WC. Isto vai despoletar toda uma série de situações, que irão culminar com algumas vidas mudadas e algumas mentalidades em processo de mudarem...mas ainda não será desta vez.
A escrita da autora prende-nos desde o início e adorei as protagonistas. Ri a bom rir do mau feitio da Minny, chorei com a Aibilene, ri com ela também e chateei-me com a mentalidade de cidade pequena, que atrofia a Skeeter.
Como já tentei ler este livro na língua original, sei que ele está escrito quer no dialeto utilizado pelas criadas, quer num discurso polido, no caso da jornalista. Ou seja, o tipo de linguagem muda conforme o personagem desse capítulo, o que faz com que todos os personagens tenham uma voz única, que reconhecemos. E isso traz uma autenticidade que me agradou muito. Foi como ter aquelas mulheres todas, a falarem diretamente comigo.
O livro fez-me rir, fez-me chorar e conseguiu-me dizer uma coisa que já sabia, mas que é importante na mesma: o espírito humano é inquebrantável, pois por mais que o rebaixem, ele volta sempre a erguer-se e a lutar mais um dia. Hoje podem ter perdido, mas quem sabe amanhã será diferente?


Kisses da vossa Geek

6 comentários:

  1. Gostei tanto deste livro. E do filme também. Apesar do tema tão duro e difícil consegue ser um livro que nos deixa de bem com a vida (e com alguma vergonha alheia por ainda haver tanto racismo). É impossível não amar a Minny.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim - foi essencialmente isso que retirei. Apesar de vidas tão duras, de serem humilhadas a torto e a direito, elas sempre encontraram maneira de pelo menos na cabeça delas serem livres e terem a sua dignidade. E sim - muita vergonha de ainda neste século 21 haver situações de racismo de bradar aos céus.
      A Minny é incontornável!

      Eliminar
  2. Já sabes que é um dos meus livros favoritos da vida!! Também gostei muito do filme :) Adorei a Skeeter por não seguir a ideia dos outros e não desistir...Aibilene e a Minny com seu mau feitio são fantásticas!! Gostei muito de ler a tua opinião :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada Raquel.
      É dificil fazer jus a um livro que trata de um tema tão dificil mas de uma maneira tão positiva e que nos deixa a pensar na mesma. A Skeeter estava numa encruzilhada e decidiu que havia de viver a vida como ela queria e não como aquela sociedade fechada lhe ditava e fez ela muito bem. Para mim, ela representou um pouco os valores dos anos 60 com o inicio do movimento hippie.

      Eliminar
  3. É, realmente, um excelente livro! E o filme também é muito bom!
    É Mimmy é demais XD

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este definitivamente ficou na minha memória - excelente quer livro quer o filmes, que está muito fiel.
      A Minny é um prato!

      Eliminar