domingo, 7 de maio de 2017

As Minhas fitas #3


What Ever Happened to Baby Jane?
O que aconteceu à Baby Jane?
Este é mais um dos meus golden oldies. Vi-o à pouco tempo, para a #cineseraoexpresso, organizada pelo blog Serão no Sofá.

O filme começa em 1912, num espetáculo de Vaudeville - agora seria chamado de variedades - em que as pessoas apresentam os seus "talentos": cantar, dançar, engolir fogo, etc. Começamos por ver uma menina lindíssima, loira e adorável a cantar "I´ve written a letter do Daddy", que faz chorar as pedras da calçada. Mas à saída, a menina adorável transforma-se numa criaturinha mimada, desprezível, arrogante. Os pais dividem-se:
o pai adora a Baby Jane (é a menina loira) e a mãe fica a apoiar a irmã mais obscura, Blanche. O pai faz todas as vontades a Jane, tornando-a preguiçosa e má e a mãe tenta amenizar os sentimentos da irmã, dita "enjeitada".

Os anos passam e os papéis invertem-se: Blanche Hudson é uma estrela de Hollywood consumada, e a sua irmã Jane apenas faz filmes porque o contrato de Blanche assim o exige. Jane tem problemas com o álcool, o que faz com que os diretores e realizadores dos estúdios fujam de ter que trabalhar com ela.
Mas um grande acontecimento faz com que Blanche fique à mercê de Jane. Um acidente de viação torna-a paraplégica e, por conseguinte, dependente da irmã. Mas há imensos rumores acerca de como o acidente aconteceu: muita gente diz que foi Jane quem atropelou Blanche, num daqueles momentos de blackout bêbado. E ela, como não se lembra, assume o mesmo.
30 anos depois, a história tem um epílogo, que será o ponto central deste filme.

Por onde começar, com tanto talento no écran? Começo por dizer que a Bette Davis é uma das minhas atrizes favoritas do "antigamente", mas o talento nunca morre. 
Embora o filme tenha um mistério e seja, de certo modo sufocante - Blanche está como prisioneira em casa e a Jane é a sua carcereira
o ponto que mais destaco é os problemas entre as irmãs. O ressentimento mútuo, as mesquinhezas, até o ódio, contribuem para o desfecho desta trama.
Jane, sendo uma ex-criança prodígio, continua a viver na ilusão de que toda a gente se lembra de quem ela foi, lá bem atrás no tempo. A cena na redação do jornal é embaraçosa e bem demonstrativa disso.

Ela agarrou-se á sua antiga fama e na cabeça dela, nunca deixou de ser a Baby Jane, que as pessoas faziam fila para ir vê-la cantar e dançar. Nunca se conformou com o sucesso da sua irmã, a seus olhos, menos talentosa que ela. E não conseguiu lidar o ter que ficar na sombra dela e do dinheiro dela, pois a Jane "bebeu" todos os seus rendimentos.
Blanche, por seu lado, não é menos inocente, embora tenha feito de tudo para que a irmã não se sentisse tão inferior, que tivesse um lugar no mundo onde ela singrou. Mas manteve-a acorrentada a ela por tanto tempo, que ela rebelou-se. Ela não soube ver que a culpa não iria fazer a sua irmã gostar dela.
Mas ela é tão perturbada quanto Jane, embora parecendo uma vitima. O ressentimento pelo carinho e atenção que o pai lhe negou na infância, privilegiando a sua irmã, foi uma constante na sua vida e quando se pôde vingar, ela -lo.
Este é um filme com personagens complexas, sentimentos complexos, muita culpa. É um filme negro, tal como a sua fotografia a preto e branco. É um filme que nos faz pensar nos meandros da mente humana e como, a partir de um mal-entendido, se gastam vidas inteiras, anos e anos de sofrimento mútuo.


Mais recentemente, e, inspirado pelas interações destas famosas atrizes, foi feita uma série, ainda em produção, que aborda quer o mundo do cinema, quer a rodagem deste filme. Chama-se  Feud e conta com a Susan Sarandon como Bette Davis e a Jéssica Lange como Joan Crawford. Atrizes a fazerem de outras atrizes, a rodarem um filme - deve ser interessantíssimo!





Kisses da vossa Geek

4 comentários:

  1. Olá,
    Fica a sugestão :D tenho de ver. Por norma "esquecemo-nos" destes filmes que, mesmo tendo uns anitos em cima, têm qualidade.
    Ainda há pouco vi o "Psycho" do Hitchcok e gostei muito da experiência.

    beijnhos

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    1. Olá Su
      Eu sou uma admiradora confessa dos filmes da "velha" Hollywood - ou seja decada de 30 até 60. Quando arranjo filmes dessas décadas que estejam em condições de se verem, prefiro em detrimento de filmes mais recentes. Nada contra - só chamam mais fácilmente a minha atenção.
      Este tem prestações fabulosas e se queres ver uma Bette ainda mais badass vê o All About Eve - é o meu preferido dela.
      Também vi do Hitch o Vertigo. Acabei por não ver o Psycho nem o Rear Window que é o meu favorito dele.
      Beijinhos e obrigada

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    2. Obrigada pela sugestão ;D tenho de ver. O "Rear Window" já vi há uns anos, e também gostei :D

      beijinhos

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    3. De nada - não tens do que agradecer.

      beijinhos

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