domingo, 29 de janeiro de 2017



Opinião O Labirinto dos Espíritos



"A maior parte de nós, os mortais, nunca chega a conhecer o seu verdadeiro destino. Somos apenas atropelados por ele. Quando erguemos a cabeça e o vemos afastar-se pela estrada já é tarde, e o resto do caminho temos de fazê-lo pela valeta daquilo a que os sonhadores chamam a maturidade. A esperança não mais é do que a fé em que esse momento não tenha ainda chegado, que consigamos ver o nosso verdadeiro destino quando se aproximar de nós e saltar para bordo antes que a oportunidade de sermos nós mesmos se desvaneça para sempre e nos condene a viver de vazio, com saudades do que devia ter sido e nunca foi."



Como começar a opinião de um livro de 848 paginas, que não me deixou "pousada" um instante que fosse?


As emoções foram muitas, neste que é o último livro da (agora) tetralogia O Cemitério dos Livros Esquecidos. Foi um livro intenso, cuja ação não pára de nos dar voltas e twists vários e cuja escrita do autor nos envolve totalmente no ambiente de Barcelona, de finais dos anos 50.


Temos uma breve introdução, que nos vai situar em finais dos anos 30 e com o bombardeamento de Barcelona, altura em que Alicia Gris, uma criança perdida, é gravemente ferida.
A ação depois desloca-se para finais dos anos 50, acompanhando os Sempere, que nesta altura já tem o avô Sempere, o Daniel e a Bea casados e o pequeno Julián, nomeado como o autor do livro A Sombra do Vento, o qual propiciou os seus pais se conhecerem.
Em Madrid, acompanhamos Alicia e o seu mentor, Leandro Montalvo, naquilo que se poderia chamar os primórdios de um serviço de espionagem. Ela e Leandro ,em conjunto com outros agentes, trabalham na sombra para que a Espanha do Generalíssimo não se desintegre mais depressa do que seria expectável.


Tudo começa com o desaparecimento misterioso do ministro Maurício Valls, pessoa muito querida do regime. Ele desaparece um dia, deixando a sua filha Mercedes com um recado ininteligível e a sua esposa gravemente doente. Alicia e Leandro vão ser postos na pista do ministro, para perceber o que se passou e mais importante ainda - recuperá-lo com vida.


Com uma mudança de cenário para Barcelona começa, mais uma vez, o enredo a centrar-se no Cemitério dos Livros Esquecidos. Esse local mágico, onde todos os livros em perigo de desaparecerem encontram o seu lugar e protetor. É claro que os Sempere vão estar no centro da ação, com Alicia Gris, uma femme fatale com vingança no pensamento e rancor no coração, com Fermín Romero de Torres com a sua famosa verborreia, a sua Bernarda e todos os que moram nas redondezas da livraria Sempere e Filhos.
É uma narrativa que vai ter como livro de partida Ariadna e o Príncipe Escarlate de Vitor Mataíx, outro dos autores malditos daquela Barcelona dos anos 20/30,  um grande amigo de David Martín e que acabou por ser também seu companheiro de cela.


Este é um livro que nos faz devorar todas as páginas com igual interesse, não havendo momentos mortos nem quebras de ritmo, o que para um livro tão extenso até seria normal. É aqui que os grandes escritores se distinguem - quem consegue prender a atenção de um leitor sem se perder pitada de emoção ao longo de mais de 800 paginas tem que ser um escritor de exceção.
A escrita de Carlos Ruiz Zafón é como sempre clara, concisa e direta mas com o seu toque de sarcasmos e humor negro que acho delicioso.


" Que se afaste ou ver-me-ei na dolorosa necessidade de catapultar-lhe o saco escrotal até ao pescoço com uma joelhada"


Esta citação, entre muitas que poderia pôr da minha personagem mais querida, que é claro Fermín Romero de Torres, ilustra bem o tipo de humor e linguagem utilizada pelo autor. Mas todos, em maior ou menor grau são igualmente inteligentes. Os diálogos são fluidos, cheios de vivacidade que dá vontade de conhecer aquelas pessoas na vida real.
As personagens são ricas, densas, torturadas, com segredos, vergonhas, triunfos, baixezas - tudo o que o ser humano experiencia na sua vida.

Também a descrição de Barcelona e dos seus ambientes, nos transporta até lá de tal maneira que sentimos os cheiros, vemos as cores, andamos pelas Ramblas, subimos na Avenida Tibidabo e isso é uma absoluta delícia.


E vocês, já leram este livro? O que acharam?


Kisses da vossa Geek

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

As Minhas Fitas #1


Meus geeks, vou estrear aqui esta rúbrica, onde irei falar de alguns filmes que vi, quer há mais tempo quer recentemente.

Vou abrir com o meu favorito de todos os tempos: E Tudo o Vento Levou.

Produzido em 1939, com um orçamento milionário e vencedor de 10 Óscares da Academia, relata a história de Scarlett O´Hara, herdeira de Tara, uma grande plantação de algodão nos estados do Sul.
O filme começa com uma festa em Twelve Oaks, a propriedade vizinha, onde se encontra o amor de sempre de Scarlett, Ashley Wilkes. Mas Scarlett tem uma verdadeira de corte de pretendentes, todos candidatos a um sorriso e uma coqueteria da parte dela. Ela é uma southern belle de pleno direito!


Para essa festa, é convidado um ianque de reputação duvidosa chamado Rhett Butler, que logo fica com Scarlett debaixo de olho e que a vê como ela é: manipuladora, egoísta, egocêntrica.

Entretanto e durante essa festa, anuncia-se a guerra civil: Norte contra Sul. Todos os mancebos em idade de lutar estão entusiasmados e doidos para mostrarem o seu valor em batalha. Como sabemos, a Confederação perdeu, e com isso imensas vidas também perdidas, que estes jovens representam.
A partir daqui, o filme desenrola-se entre a ida de Scarlett para Atlanta, onde fica cercada entre os 2 exércitos, na famosa batalha de Gettysburg, depois a volta a Tara, que se encontra completamente destruída, com a mãe morta e o pai severamente desequilibrado mentalmente até ao desfecho final em que Rhett desaparece no nevoeiro.


É um filme longo - mais de 3 horas - mas que vale todos os minutos passados a vê-lo. Tem interpretações excelentes e uma história arrebatadora, onde se mistura a vontade de vencer todos os obstáculos - pobreza, guerra, amor não correspondido - e uma certa tomada de consciência que nem sempre podemos vencer, ou como dizem os Rolling Stones "you can´t always get what you want". Scarlet é uma força da natureza, levando á frente tudo e todos, para atingir os seus objetivos, sejam eles quais  forem. Esta famosa cena em que ela aparece vestida com os reposteiros de casa, porque não tinha dinheiro para comprar tecido, para fazer um vestido novo e não queria parecer pobre para que Rhett lhe emprestasse dinheiro, é bem digna dessa noção.


Quer nos afetos, quer no dinheiro, que ela jurou nunca mais passar necessidades, está sempre em cima do assunto e nunca dá o flanco. Tenta sempre dar a volta por cima.
Outra grande personagem será Melanie Hamilton, a esposa de Ashley. Ela sabe perfeitamente os sentimentos que Scarlett tem por ele, mas mesmo assim confia no coração doce que Scarlett esconde, por debaixo de toda aquela empáfia e arrogância. É Scarlett quem a ajuda no parto do filho dela, é Scarlett que tudo faz para os proteger, na viagem de Atlanta para Tara, no meio do fogo cruzado entre os 2 exércitos rivais.


Rhett é o proverbial fura-vidas ianque, que está sempre a virar a casaca para o lado onde obter mais vantagens - leia-se dinheiro. Ele tem razão quando diz a Scarlett que eles são parecidos. Eles são capazes de atropelar seja quem for para que os seus intentos vão avante ajudados pela sua mente fria e calculista.


Ahsley é o cavalheiro sulista muito reto e muito correto com a sua esposa, mas que não sabe lidar com as atenções indesejadas de Scarlett. E ela toma isso como um incentivo, para se atrever mais e mais até que percebe que nada disso vai mudar a situação em que se encontram. E que Ashley ama a esposa de verdade, pelo que ela nunca teve hipóteses com ele.


A "voz da consciência" de Scarlett é a Mammy, a sua ama negra, cuja atriz ganhou um Óscar por esta interpretação, quando muito poucos atores afro-americanos desta época conseguiram fazer esta proeza.


Escusado será dizer que este é o meu filme preferido de sempre, que já o vi para mais de 5 vezes e que, de cada vez que o vejo, encontro sempre aspetos novos, não vistos anteriormente.


Se dispuserem de 3 horas da vossa vida para ver este belíssimo filme, não se arrependem. Além do enredo fantástico e  muito  bem conseguido, quer a nível de guião quer a nível de interpretações, temos toda a parte histórica da Guerra Civil Americana e as suas consequências devastadoras.



Kisses da vossa Geek


domingo, 22 de janeiro de 2017

Opinião

Um Homem Chamado Öve


Öve é um velhote resmungão que não entende o mundo. Öve não quer saber do mundo. Öve quer deixar o mundo.
É mesmo isso: o livro começa no dia em que Öve decide cometer suicídio. A sua única amarra a este mundo, a sua mulher Sonja, morreu há 6 meses. O sol da sua vida morreu devido a um cancro e levou toda a paciência e compreensão com ela. Mas, e como tem que haver um "mas", a chegada de novos vizinhos vai revolucionar a vida de Öve.

Este é o ponto de partida de um livro ternurento e divertido ao mesmo tempo, com os desmandos e o TOC pronunciado de Öve. É uma critica á sociedade muito interessante e original. São abordados temas como a velhice, solidão, homossexualidade, racismo, homofobia, o poder das instituições, a burocracia e  principalmente as relações humanas, porque é isso essencialmente que este livro aborda de uma maneira inteligente, divertida e ao mesmo tempo tocante.
Temos vontade de, ás vezes, abanar Öve pela sua intolerância e inflexibilidade, noutras rimos com as atitudes dele e noutras aprovamos as loucuras que ele faz em nome do bom viver na vizinhança.
Tudo isto é relatado através dos olhos críticos e resmungões no nosso protagonista que me fez lembrar o protagonista do filme de animação Up - sempre a resmungar, a parecer de mal com o mundo, mas no fundo no fundo, um coração de manteiga que apenas quer ser útil e não um estorvo.

A narrativa faz-se entre o momento presente e alguns saltos ao passado, para percebermos como é era a vida dele, a infância, como conheceu a mulher,  e no fundo o porquê de ele querer tirar a própria vida. Nessas analepses e prolepses estão todas as respostas que precisamos para compreendê-lo.
Quantos mal-entendidos haverão por esse mundo fora, com pessoas aparentemente intratáveis, porque não há tempo nem curiosidade para perceber o que é que essas pessoas carregam consigo? Essa foi a maior mensagem que retirei deste livro. Também que a partir de determinada idade, toda a gente pensa que sabe o que é melhor para nós e ás vezes estão redondamente enganados!
A escrita é fluída e simples e passa todas as mensagens e emoções com clareza.

Este foi o meu primeiro audiobook e aconselho vivamente. Ouvi em inglês e o narrador foi excelente ao fazer sons de enfado, exclamações de meninas de 3 anos - muito bem narrado, nada parado nem confuso. Penso até que tornou a experiência de leitura mais completa. Irei certamente estar atenta a outros audiobooks desta qualidade.

Kisses da vossa Geek

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


Internet - amiga e aliada ou um mal necessário?


Desde o início do ano que me tenho vindo a aperceber, por relações próximas e outras menos próximas, de uma preocupação crescente com o tempo que se passa na Internet. Após ler o texto da Cláudia Simões e especialmente após uma conversa com a mãe de uma colega de sala do meu filho, fiquei com a impressão que andamos todos com o mesmo assunto na cabeça.

Ora, dizia-me essa mãe que tem uma amiga que está a pagar cerca de 1500 euros semanais, para que o filho seja desintoxicado da net. Todo o conceito de desintoxicação de Internet é-me completamente estranho, mas sendo uma adição, suponho que tenha que haver quem trate. Passando isso à frente, ficamos com algumas questões - usamos demasiado a Internet? Quando é que é demasiado? Há limites e barreiras?

A Internet veio revolucionar hábitos de um modo geral, desde a compra de mais e melhores telemóveis até aos tablets e computadores, de modo a podermos usufruir dela da maneira mais cómoda. Não podemos negar isso nem arrepiar caminho no sentido inverso - seria inútil e não traria nada de melhor em troca. Os hábitos já estão por demais enraizados e quer queiramos quer não -  a Internet é útil, faz parte do nosso dia-a-dia, é uma ferramenta já muito integrada em todas as partes da nossa vida, quer familiares - com a possibilidade de manter contacto com quem está mais longe - como laborais, como de entretenimento.
O problema bate quando a utilização interfere com o bom funcionamento e gerência da vida pessoal.

Quando ir e ficar na Internet, quer nas redes sociais, quer nos jogos se torna o centro do dia e não um de elemento de lazer. O roubar horas de sono para jogar. O tirar tempo à família e amigos que estão perto, para poder só pôr mais aquele like ou ver o feed. É o não saber viver sem ter aquele "apêndice" sempre ali e quando não há, por algum motivo, haver reações extremas que podem começar em crises de ansiedade e inclusivamente poder ir até à violência física. Isto tudo parece muito rebuscado, mas não é. Trata-se de uma adição e como tal, o corpo e a mente habituam-se à "dose", com efeitos iguais aos que a Christiane F. nos relatou naquele livro choque, Os Filhos da Droga. Tudo quanto domine o ser humano a esse ponto é mau.

Mas isto é um caso extremo.

Vamos pôr agora a questão do lado de utilizadores sem adições, mas que mesmo assim acham que passam demasiado tempo, que a Internet distrai muito e que acabam por não ser tão produtivos por causa dela. E mais específicamente, a resolução de haver um dia estipulado na semana, em que se está offline.


Falando por mim e pela minha experiência, até há bem pouco tempo passava vários dias por semana sem vir á net. Não sentia falta, mas também não acho que fosse particularmente mais produtiva por causa disso. Penso que quando há vontade e uma utilização conscientes, não é necessário haver dias marcados para não se aceder. Nunca deixei de ir passear, ter visitas em casa, ler, dar atenção ao meu filho e restante familia por causa de estar conectada, até porque prefiro o contacto pessoal e a partilha face to face. Gosto de conversar a olhar a pessoa nos olhos.
Mas, por causa da internet ,encontrei mais pessoas com os mesmos interesses que eu, com quem fiz amizade e que adorei e adoro conhecer - se não houvesse Internet, teria mais dificuldade em conhecer essas pessoas, comungar e explorar esses interesses. Se não houvesse Internet não haveria este blogue....
Para mim, e isto é uma opinião muito pessoal, tudo na vida com conta, peso e medida nunca fez mal a ninguém - nem 8 nem 80. Porque já lá dizem os antigos "tudo o que é demais, é moléstia".

E vocês - qual é a vossa opinião? Digam tudo nos comentários.

Kisses da vossa Geek

domingo, 15 de janeiro de 2017



Historiquices de Fevereiro

Rainha Vitória

Em Fevereiro, a figura histórica que vai ser focada neste projeto será a Rainha Vitória de Inglaterra.

Monarca muito reconhecida a nível mundial - segundo um inquérito feito a nível internacional em termos de monarcas ingleses, aparece o nome dela junto ao do Henrique VIII, como os mais conhecidos.
Ela deu origem a uma era batizada com o seu nome, símbolo de tradições de família, de inovações em Inglaterra como a Revolução Industrial, apoio ao mais carenciados e religiosidade a par de opressão de tudo quanto não fosse bom, saudável, familiar. É dela a famosa expressão com que brindava as filhas, antes de casarem e de cumprirem os deveres maritais para "fecharem os olhos e pensarem na Inglaterra".
Mas Vitória não era assim na sua vida privada, pessoal. Ela era apaixonadíssima pelo seu marido Alberto, o qual, quando morreu, a deixou num vazio emocional e físico que muito a influenciou nestas suas atitudes.
Em termos de governo, ela tinha um apoio providencial dos seus vários ministros, sendo o Lord Melbourne o mais destacado a par com Benjamim Disraeli, que lhe davam conselhos e a guiavam pelo mar revolto da diplomacia de estado, visto que foi criada praticamente em reclusão por uma mãe autoritária e ambiciosa e o seu amante igualmente ambicioso e, por vezes violento, o que não a preparou em nada para o seu futuro papel de Rainha.

Seguem-se então algumas sugestões de leitura e de visionamento para esta figura bem conhecida e contraditória.

Livros







FILMES



Trailer aqui


Séries




Documentário

Deixo apenas o link para o mais recente, mas não está legendado.



Kisses da vossa Geek

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Opinião

Sempre Vivemos no Castelo



" somos tão felizes"

Aclamado como um dos livros de referência no que ao terror diz respeito, tenho que concordar com essa aceção, pois entrei para esta leitura com muitas expectativas e todas foram superadas. Acrescento que além do terror e suspense é também um drama vivido em vários níveis.

A historia é narrada pela perspetiva de Mary Katherine Blackwood, irmã de Constance, que foi acusada de matar toda a família, mas foi ilibada das acusações. Elas vivem na Mansão Blackwood, num sitio afastado da aldeia, com o seu tio Julian, outro sobrevivente da tragédia.  A narrativa divide-se entre as irmãs e o seu tio no tempo presente e com algumas reminiscências do passado, mais concretamente ao dia da tragédia e fala um pouco dos elementos da família, entretanto mortos.

Esta é uma narrativa sufocante, por se passar  num único espaço físico (a mansão) e que nos dá a total sensação de clausura, necessária para entender estas irmãs tão marcadas de diversas maneiras.
A escrita da autora mantém-nos sempre na expectativa  - a tensão e o mistério, a   principio ténues, começam a ficar mais acentuados á medida que o livro avança e que  percebemos o quanto estas irmãs estão destruídas, amedrontadas, perdidas e fechadas em si mesmas.
Acabei as últimas páginas em frenesim, porque queria perceber tudo o que se passava naquela casa. De certo modo, esta narrativa fez-me lembrar Manderley, a famosa mansão que Daphne du Maurier criou como símbolo de tudo o que Rebecca representava, assim a mansão Blackwood, decrépita e isolada é um espelho dos seus ocupantes.
Fiquei absolutamente maravilhada com este livro tão pequeno mas tão poderoso, cuja autora conseguiu o condão de me transportar para o meio da história.

Kisses da vossa Geek

domingo, 8 de janeiro de 2017



Vamos Geekar com séries de Época #3


Versailles

Apesar de ir ter uma segunda temporada a estrear em breve, resolvi fazer um destaque desta série, pois o que vi da primeira temporada foi fenomenal!
Louis XIV, o Rei Sol tem uma história que se presta a séries e filmes infindáveis, dos quais já vi alguns - uns bem feitos, outros nem por isso. Mas sendo eu uma fã aguerrida deste monarca, pois considero-o um dos mais inteligentes da História, tive que ver mais esta adaptação televisiva da sua história, tendo como ponto de partida a deslocação da sua corte para Versailles. Para quem não sabe, o que havia lá era um mero pavilhão de caça de reis anteriores, nada propício a ter uma corte com centenas de cortesãos e milhares de servidores. Louis deslocou-se para ali para fugir ao sufoco de Paris, com os seus cheiros pestilentos no Verão e pestes dizimadoras constantes.
Também foi uma forma de poder manipular os nobres, que se achavam com mais poder que o seu rei, e roubavam-no a torto e a direito, faziam dos seus domínios verdadeiros estados feudais como se não pertencessem a França e por conseguinte, ao seu soberano.

Em termos de série, ela foi inteiramente gravada no local - Versailles - sem recorrer a gravações em estúdio, o que muito contribui para a beleza cénica. É tudo original, os atores andam e tocam onde Louis XIV andou e tocou. E isso traz uma carga de autenticidade incomparável a outras adaptações.
Os diálogos e o guião estão muito bem escritos, há cargas emocionais tremendas, jogos de palavras, a fineza da corte em todo o seu esplendor está aqui bem espelhado.
É retratada a relação de Louis com o seu irmão Philippe, 3º na linha de sucessão e uma personagem descrita como o "David Bowie do séc. XVII".

Ele era bissexual, mas mais provavelmente gay e abertamente - toda a gente sabia e era de grande prestígio ser seu amante. O Cavaleiro de Lorena foi o seu amante de mais longa duração e fama. Philippe de Orleães era espampanante, vestia-se frequentemente de mulher, era amigo de copos e orgias. E é o maior apoiante do irmão, embora lhe critique algumas atitudes.


A série retrata também Louis e as suas  muitas mulheres - começando pela sua rainha D. Teresa, mais a sua cunhada Henriqueta de Inglaterra, Louise de La Valiére, a sua amante mais antiga e Madame de Montespan, a nova conquista e que lugar elas ocupam na sua vida. Gostei de ver as interações e as relações de poder e de força que elas exercem sem pudores.


É uma série com uma componente sexual, com algumas cenas mais ousadas, mas que não estão ali apenas para "ganhar" audiências: elas retratam a vida exata da corte naquela época e são relevantes por isso mas sem pôr demasiado ênfase. E o sexo faz parte da vida, não é assim?
Uma das críticas persistentes da série é que, sendo uma história francesa, a série está rodada em inglês. O estúdio assim o determinou, para que pudesse ser vendida a mais países. Tenho que dizer que não influi em nada na qualidade da história aqui contada nem das interpretações de George Blagden (que, por curiosidade, sabe falar francês fluentemente) e de Alexander Vlahos, Louis e Philippe respetivamente.
Em suma, uma série de grande qualidade.

Kisses da vossa Geek

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017



Wrap Up #cinematona2

Acabado a mês de Dezembro, venho então dar conta da minha prestação na cinematona. Relembro que este é um projeto do canal Books and Movies da Dora Santos Marques.


Dos 12 desafios cumpri 7, o que dado os meus anos recentes - em que praticamente não vi cinema - foi um grande feito.




CATEGORIA 4 - FILME DE ANIMAÇÃO




Cantar - Sing. Vi no último dia do ano e não poderia ter fechado o ano em melhor companhia. Pus a fotografia da minha personagem preferida - a Rosita, mãe ignorada de 25 filhos, esposa dedicada e Ranger rosa. Provou que com vontade tudo se consegue e que nas pessoas mais insuspeitas, escondem-se verdadeiros talentos. Além de outras mensagens tão positivas e com uma banda sonora incrível.


CATEGORIA 5 - UMA ADAPTAÇÃO




Adaptado do romance homónimo de Nesbo, este é um filme bem dark, cheio de ação e de reviravoltas, inteligente e perturbador. O filme é Norueguês e conta com a participação, num dos papeis principais, Nicolaj Coster-Waldau mais conhecido como Jaime Lannister na série Guerra dos Tronos.


CATEGORIA 6 - UM FILME CLICHÉ




Aqui não há muito a dizer - Robert Langdon mais uma vez salva a Humanidade dela própria. Gosto pelas localizações e pela parte histórica, sempre bastante presente nestes filmes.









CATEGORIA 8 - UM FILME SOBRE UMA HISTÓRIA VERÍDICA




Excelente! Soberbo! São adjetivos que facilmente vêm à minha mente ao falar deste filme. Michael Fassbender tem uma interpretação espetacular, junto com a Kate Winslet. Fiquei a odiar o Steve Jobs, mas adorei este filme. Forte, com passagens duras.







CATEGORIA 9 - UM FILME DOS ANOS 80




Outro filme com o Tom Hanks, mas num registo bastante diferente e com alguns anos de diferença. Ri a bom rir com as peripécias destes destrambelhados, a quererem fazer uma despedida de solteiro ao amigo. Aviso: nem os burros estão a salvo!




CATEGORIA 11 - QUERO ESTE GAJO SÓ PARA MIM




Também poderia chamar este o maior flop desta cinematona. Brad Pitt dos anos 90, volta que estás perdoado! Sem emoção, sem traço de genialidade, sem ponta por onde se lhe pegue, este filme mostra um Brad Pitt muito canastrão, muito robótico, numa história muito banal e até certo ponto, mal contada e que nem a atuação da espantosa Marion Cotillard salvou. No final ficaram mais perguntas do que respostas. Não gostei.


CATEGORIA 12 - UM FILME RECOMENDADO POR OUTRO PARTICIPANTE


A recomendação veio da Claudia Simões e que boa que esta recomendação foi! Mais uma vez, Fassbender não desilude, apesar da mudança de registo e a Alicia Vikander confirma que é realmente uma actriz fabulosa. A historia é linda e está muito bem contada. Tem emoção e excelentes interpretações.

Kisses da vossa Geek

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017


Opinião


A Pedra da Lua


Descrito como um dos primeiros policiais da literatura, o enredo assenta no mistério em volta de um diamante indiano de grande valor, chamado Pedra da Lua. Esse diamante estava incrustado na testa de um ídolo indiano muito venerado e vem com uma maldição para quem se apoderar dele.
Essa pedra vai entrar na posse de John Herncastle, um oficial do exército Britânico, por meios obscuros, que se confundem com os saques na zona, próprios de quando há mudanças de poder.
John Herncastle foi rejeitado pela família e lega a Pedra da Lua à sua sobrinha Rachel, pedra essa que, por sua vez, desaparece passado algumas horas, envolta em grande mistério.

A fórmula usada neste livro não é nova, mas temos que ter em conta que, no Séc. XIX, Wilkie Collins revolucionou a escrita de policiais, com a introdução de múltiplas perspetivas, que é como o livro se desenrola. Os acontecimentos são relatados por ordem cronológica e por todos os intervenientes no caso. Os relatos, tanto se complementam - quando falam sobre um mesmo acontecimento - como fazem avançar a história, focando em locais e personagens que, se fosse contado apenas de um ponto de vista, não teríamos como saber. Temos acesso a todos os ângulos do antes, durante e depois do desaparecimento do diamante.
Temos Beteredge, o velho mordomo de Lady Verinder, mãe de Rachel, a Miss Clack, a figura vitoriana da parente pobre e beata, sempre à espera das migalhas dos parentes ricos, mas fingindo nada querer além da salvação da sua alma imortal - uma hipócrita, portanto! Temos também a perspetiva do Sargento Cuff, um personagem tão brilhante quanto Sherlock Holmes, mas sem o vício da cocaína e mais terra-a-terra, temos o sr. Bruff, advogado da família Verinder e Franklin Blake, primo de Rachel e sobrinho de Lady Verinder e o protagonista, se o há, desta história.

Com um início algo morno, o livro ganhou ritmo e  interesse a partir das 60 páginas, onde comecei a ser cozinhada em lume brando, por assim dizer. Cada esquina traz um novo facto que, por si só, não explica nada mas que me fez construir e destruir umas quantas teorias, sem no entanto, conseguir adivinhar o como, onde, quem, quando e porquê, porque está mesmo muito bem escrito e é um  mistério bem engendrado.
Apesar de ser um romance escrito na época vitoriana, é de fácil leitura, sem floreados nem figuras de estilo. É um livro direto. Temos ideia de que os livros escritos nesta época são complicados, mas - e já comprovei com outros autores - isso é apenas impressão. A escrita por norma é simples e direta, capta o leitor e passa a mensagem com eficácia e simplicidade, a par de uma linguagem acessível.

Foi uma leitura agradável, com uma trama bem construída, que me manteve interessada e com vontade de descobrir o que se tinha passado.

Kisses da vossa Geek

domingo, 1 de janeiro de 2017





Os livros que não me escapam em 2017

Tenho mais de 100 livros na minha prateleira ainda por ler. Não peço desculpa por isso. Por mim, até seriam mais, não fossem as estantes e a minha carteira terem um limite de capacidade antes de colapsarem. Mas, no meio desses livros todos, acabo por ter alguns que comprei ansiosíssima por ler e que, após a compra, como que me esqueci deles.

Para que isso não aconteça, aqui vai uma lista de 12 livros obrigatórios - ou tão obrigatórios quanto um hobby pode ser - de ler em 2017.

-Dragonfly in Amber - Diana Gabaldon

-Menina Rica, Menina Pobre - Joanna Rees

-História da Menina Perdida - Elena Ferrante

-A Linguagem Secreta das Flores - Vanessa Diffenbaugh



-Expiação - Ian McEwan

-The Distant Hours - Kate Morton



-Uma Morte Súbita - J. K. Rowling

-Tara Road - Maeve Binchy

-O Homem Que Perseguia o Tempo - Dianne Setterfield

-A Vida Imortal de Henrietta Lacks - Rebecca Skloot




-O Passado - Alan Pauls

-Diz-me quem Sou - Julia Navarro

Irei encaixar pelo menos um destes livros por mês, pois alguns são bastante volumosos. Mas estes 12 livros têm prioridade absoluta - não passam de 2017 sem serem lidos.

E vocês, quais são os livros prioritários em 2017?

Kisses da vossa Geek