domingo, 25 de dezembro de 2016





Desafios no Goodreads - sim ou não?



Nesta época de fim de ano, o inevitável balanço acontece - vemos o que ficou para trás de relevante e decidimos metas e desafios para o novo ano que se avizinha.

Uma das primeiras coisas que os livrólicos - eu incluída! - faz logo no início do ano, é pôr o seu desafio anual no Goodreads. Eu adoro fazer isso e os meus desafios têm vindo a crescer em quantidade ao longo dos anos. Tenho ganho mais capacidade de leitura, o que me permite ir aumentando o número de livros que me proponho ler todos os anos.
Com isto em mente e nos últimos meses, sensivelmente desde Setembro, que me tenho vindo a deparar com uma espécie de movimento, por enquanto muito mais a nível internacional, nos canais literários maioritariamente de Inglaterra e dos Estados Unidos: esse movimento chama-se "read less", não é algo organizado, mas comecei a reparar no que vários booktubers diziam e sentiam em relação aos desafios anuais do GR.
Ora, neste "movimento" põem em causa o proporem-se a ler um X número de livros num ano, por sentirem que esse número - definido por eles - os pressiona a lerem de tal maneira que não desfrutam. Mas poderá ser? Como estão sempre a pôr números cada vez mais altos - e impossíveis, de certa forma - optam por livros menos complexos, mais fáceis de ler e mais pequenos em detrimento do que, possivelmente, estariam na disposição de ler. Ao libertarem-se da tirania do desafio, pretendem com isto regressar ao gosto pela leitura por si mesma e não pelos números. Querem saborear a leitura.

Por outro lado, temos uma grande maioria que põe um número no desafio e não se sente minimamente pressionada: lê o que quer, ao ritmo que mais se adequa a si e não pede desculpa por isso. Não se sente pressionado nem a aumentar o desafio anual nem a cumprir escrupulosamente  o número que fixou.

Temos ainda quem ponha o desafio e fique a martirizar-se por não conseguir cumprir. Mas, todos os anos, e apesar de praticamente á partida já saberem que vão falhar no objetivo que se propõem, repetem o procedimento e mais uma vez ficam desolados por não conseguirem cumprir. Dizem que esse desafio anual  dá-lhes um objetivo específico e que, caso contrário, não leriam nem metade dos livros que acabam por ler.

Pessoalmente, estou do lado dos que fixam um desafio anual e esquece-se dele - vou pondo lá os livros que li, sem preocupação se estou dentro do prazo ou não. Mas normalmente cumpro, pois ponho objetivos realistas e que se adequam ao meu ritmo de leitura e estilo de vida. Mas, mesmo se não conseguir cumprir por alguma razão, também não faz mal. A leitura, para mim, é um hobby que faço para me dar prazer e não para entrar numa espécie de corrida para ver quem lê mais. Se não der para ler o que estipulei, paciência - prefiro qualidade a quantidade.
Mas, e a título de experiência pessoal, no próximo ano não vou pôr desafio no GR. Como o nosso cérebro é uma máquina fascinante e muito pouco conhecida, quero perceber se, inconscientemente, esse número me condiciona.
No final do próximo ano, irei então avaliar todos os parâmetros da minha leitura: ritmo, quantidade, qualidade e tipo de livros que li.

E vocês - sentem que os desafios ajudam, atrapalham ou são indiferentes?

Kisses da vossa Geek


6 comentários:

  1. Eu escolho um número e não lhe mexo o resto do ano. Ponho uma coisa real, atingível.
    Não ligo mais ao número mas espero sempre supera-lo, claro.

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    1. E é nessa sensação de querer ultrapassar esse número que me fez pensar em fazer esta pequena experiência comigo própria. Porque é fácil embarcar na cegueira dos números.

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  2. Olá Elisa,
    Costumo sempre escolher um número, normalmente 55 (a ideia ser era um 1 livro por semana mas como gosto de números redondinhos acabo por colocar o 55 =P )
    Depois, o que costumo fazer, e porque nos últimos anos tenho lido muito mais, quando estou quase a atingir a meta, aumento-a um pouco mais. E em 2012, até fiz o contrário, como foi um ano muito complicado, julgo que no segundo semestre, coloquei uma meta mais realista.
    Mas lá está, apesar de ir alterando a meta, não vivo obcecada com o número. Simplesmente leio quando me apetece ler.

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    1. Olá Patrícia

      E assim é que é uma relação sã com esse desafio. Não me parece bom pôr metas virtualmente inalcançáveis para depois andar a stressar por algo afinal tão simples como um hobby - ler. E o que pode e deve ser uma atividade prazerosa transforma-se em obrigação auto-imposta.
      Beijinhos e obrigada.

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  3. Eu sou das pessoas que dizem: read less.
    Pronto, na verdade não digo isso mas concordo com isso, por essas razões.
    Não tenho metas de leitura. A única meta numérica que alguma vez tive foi um ano em que decidi que queria que, pelo menos 50% das leituras que fizesse fosse de escritores portugueses. Fi-lo porque precisava forçar-me a consegui-lo. Depois disso se tornar natural em mim (entre 40% e 60% dos livros que leio são de escritores portugueses) deixei cair a meta.
    Eu percebo porque tanta gente gosta deste género de meta. Percebo porque é que fazem maratonas, desafios e afins.
    Pessoalmente – e PARA MIM, que não tenho nada a ver com o que os outros fazem - considero todas coisas contraproducentes. Cada vez que há algum género de obrigação leio menos, custa-me mais a ler. Tentar forçar-me a ler ou a ler mais depressa faz com que não “receba” tanto daquela leitura como seria possível e desejável.

    Seria facílimo para mim atingir números de leitura expressivos. Bastar-me-ia pegar em livrecos de fantasia que leio num abrir e fechar de olhos. E digo “livrecos” num sentido mesmo pejorativo, uma vez que há muito me apercebi que boa parte da fantasia (principalmente YA) não passa de uma eterna recontagem da mesma história (uma “demanda”, a jornada do herói, um romance que desafia o status quo, etc, etc). Dois dias chegam e sobram para despachar um livro desses. Atenção, não critico quem lê. Aliás, eu ainda leio, cada vez menos, é certo, mas leio. Principalmente quando estou muito cansada e com imenso trabalho e preciso descontrair.

    A principal critica que faço às metas numéricas de leitura é que por vezes inibem a evolução. A vontade de ler mais e mais, a vontade de mostrar aos outros (e principalmente a si) faz com que não se insista em livros difíceis, em leituras “fora da nossa zona de conforto”. E isto é tão mais verdade quanto mais jovens são os leitores. Adoro quando vejo algumas miúdas a evoluir, a ler e a escrever cada vez melhor. E na mesma medida fico triste quando vejo leitores a estagnar.

    Tenho esta opinião por tudo o que vejo, nos blogs e canais (há ilustres excepções, claro) e tenho total noção de que pareço um bocado “pedante” quando escrevo este tipo de coisa… 

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  4. Patricia não és ( posso te tratar por tu?) nada pedante - é a tua opinião e vale por si mesma.
    Por achar em alguns casos que há essa pressão e consequente facilitar de leitura ou seja que há a tentação de apenas ler livros fáceis e curtos quis abordar este tema e quis fazer esta pequena experiência comigo mesma para avaliar a minha leitura. No ano que passou li 71 livros, muito acima da minha média mas não me "escondi" de livros mais complicados ou fora da minha zona se conforto. Tive muito boas leituras e isso proporcionou mais velocidade.
    Cada um deve fazer como mais lhe der jeito mas é sempre bom refletir em hábitos criados.
    Beijinhos

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